Aos 02 de dezembro de 1996, na cidade de Independência – CE criamos a Associação Comunitária de Radiodifusão Independência (ACORDI), que seria a entidade responsável pela criação da FM Comunitária Independência. Para isso, juntaram-se sete (7) entidades: A Paróquia de Independência, o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Independência, a Associação de Moradores dos Bairros, a Associação Assistencial, a Associação da Comunidade de São Jerônimo, Associação da Comunidade de Brilhante, Associação das Agentes de Saúde, todas deste município.
A preocupação era juntar entidades que estivessem dispostas a somar na busca da democratização da informação, da divulgação das iniciativas populares… Da comunicação popular a serviço da vida, de uma sociedade justa e fraterna. Mantivemos contatos com outros lugares que tinham implantado rádios comunitárias: Queimados – RJ, Itaú, RN…
Pois não havia nenhuma em nossa região, não sabíamos por onde começar; preparamos toda a documentação, registrada em cartório e mandamos ao Ministério das Comunicações; fizemos campanha para conseguir recursos para a documentação, para preparar um local que foi cedido pela paróquia, para comprar os equipamentos, etc.; discutimos juntos, em assembleia, que nome dar à rádio, o estatuto, o regimento interno, a grade de programação; fizemos abaixo-assinado em favor da criação de uma lei das rádios comunitárias ao Ministério das Comunicações.
2. O funcionamento da FM Comunitária:
Aos 05 de fevereiro de 1997, a rádio começou a funcionar em caráter
experimental. Ao mesmo tempo deu-se o processo de formação das pessoas que
foram assumindo, de forma voluntária, todos os trabalhos, como também a luta
junto ao Ministério das Comunicações e à ANATEL para a sua regularização.
Muitas foram às dificuldades: o medo das pessoas, diziam que era crime instalar
uma sem autorização (a perseguição foi grande); nossos recursos que eram
parcos; conseguir toda a documentação; a burocracia que era grande; nosso pessoal
que não tinha experiência; as que tinham mais capacidades não podiam trabalhar
tempo integral como voluntária; que tipo de música tocar; a manutenção. Tivemos
algumas visitas da ANATEL e da Polícia federal, ameaçando o fechamento, até que
se deu aos 17 de setembro de 2002, A polícia federal, chegou bruscamente,
arrancando todo equipamento de forma arrebatando tudo, deixando a comunidade
perplexa com a forma brutal e fechou suas portas assim permanecendo até 22 de
maio de 2004.
3. A legalização da FM Comunitária:
Aos 31 de agosto de 2004, recebemos a autorização do Ministério das
Comunicações, de forma provisória; aos 10 de agosto de 2005, o projeto foi
aprovado pela Câmara dos Deputados; em novembro de 2005, deu-se a provação no
Senado; e, finalmente, aos 21 de dezembro de 2005, o Ministério das
Comunicações emite a licença de funcionamento por 10 anos.
4. As conquistas alcançadas:
Em todo esse período, consideramos muitas as conquistas; garantir o seu
funcionamento, com qualidade musical; na base do voluntariado; unindo igrejas,
entidades em vista de um objetivo comum; a divulgação das informações locais,
das iniciativas das comunidades e entidades, a valorização da cultura do nosso
povo; dar vez e voz para todas as entidades-membros…; a doação, a partilha; a
profissionalização de jovens desempregados que viviam uma situação de risco; a
contribuição pra recriar a cultura tradicional: reisado, São Gonçalo…; a
valorização das pessoas que estão lutando pela vida; a informatização da rádio.
5.Justificativa:
Avaliamos que a FM Comunitária muito tem contribuído para o desenvolvimento de
nosso município e região, para a formação da cidadania. Ela oferece, em sua
grade de programação, instrumentos que ajudam a comunidade a refletir e
perceber a dinâmica dos acontecimentos, compreendendo melhor a relação com o
mundo em que vivemos a aprendizagem para várias pessoas; a legalização,
trazendo-nos mais tranquilidade e mais responsabilidade. Ela tem ajudado a
desenvolver uma consciência crítica, apoiando as lutas e conquistas dos
direitos; tem despertado para a convivência com o semiárido (o nosso bioma),
trabalhando as potencialidades do nosso município. Ela mantém uma estreita
ligação com a Escola Família Agrícola Dom Fragoso (entidade- membro), que
trabalha com jovens de 12 municípios de nossa microrregião, da qual monitores e
estudantes assumem um programa semanal. Também com a Comissão Pastoral da Terra
(CPT) paroquial e diocesana, as Pastorais Sociais, a rede CEBs da Paróquia… e
seus programas estão entre os mais ouvidos. Ela tem colaborado na formação
cultural, religiosa…, valorizando o local, o cotidiano, as iniciativas
comunitárias, as expressões da cultura tradicional, as festas de padroeiros/as.
A partir do que definimos como sua missão, queremos que ela possa intensificar
a formação de jovens da área diocesana no campo da comunicação popular,
permitindo intervenções preventivas na superação da vulnerabilidade de jovens e
demais pessoas vitimadas pela migração, pela violência, uso de drogas…
Um processo participativo.
Ao longo de 21 anos de serviço à comunidade, a direção da Associação
Comunitária de Radiodifusão de Independência, ACORDI, tem feito um esforço para
encontrar pessoas e ajudar na sua formação para que possam prestar um serviço
de qualidade à nossa comunidade. Não tem sido fácil, pois trabalhamos com
voluntariado, como é a praxe da radiodifusão comunitária. Mesmo assim,
encontramos pessoas muito generosas e abertas para compreender o sentido deste
serviço e qualificar-se para tal, sem imitar ninguém, sem impostar a voz, sem
entrar no jogo da bajulação, sem se vender a quem quer que seja. Nesses 21 anos, fizemos um esforço acima do possível para contar com equipamentos que
facilitassem uma comunicação sempre melhor do ponto de vista técnico.
Também isso não tem sido fácil, pois nossos recursos são mínimos. O quadro fixo de sócios é pequeno, com uma mensalidade de acordo com as possibilidades de uma pessoa pobre; os apoios culturais, para serem de acordo com a legislação vigente, têm sido pouco representativos face ao montante de despesas. Mas procuramos obter as aparelhagens básicas para permitir as demandas dos nossos ouvintes. Ao longo desse tempo, fomos adquirindo o nosso acervo musical. Não é tão grande, mas é de qualidade e foi conquistado a duras penas, pois sabemos o preço de um CD de qualidade. Nunca aceitamos o chamado “jabá”: receber dinheiro para tocar essa ou aquela música, porque é do interesse de alguém… E, além de primar pela qualidade, temos colocado esse acervo a serviço de pessoas ou instituições que precisam de uma música como material de trabalho escolar, animação, pesquisa… Qual a situação em que nos encontramos agora: temos um quadro de pessoas comprometidas com a comunicação popular, num processo de formação constante; temos nossas instalações num local legalmente cedido à ACORDI; temos um equipamento de boa qualidade, em se tratando de radiodifusão comunitária, meios pobres, mas com toda dignidade; temos o nosso acervo que vem contribuindo com a formação musical do nosso povo; temos uma história de lutas e conquistas para contar
Além do mais, temos participado da luta de todos os brasileiros e brasileiros que sonham com a democratização dos meios de comunicação; com essa ferramenta a serviço da formação cultural e cidadã da nação brasileira. E, por isso, temos lutado pela criação da lei de radiodifusão, pela realização da 1ª conferência de Comunicação. Temos lutado por uma revisão das leis para que viabilizem a radiodifusão comunitária, tendo que prestar um serviço de qualidade a um público sempre menor porque os grandes meios de comunicação privados querem ser donos absolutos das ondas sonoras e ter o controle das informações, mesmo trabalhando com recursos públicos. Alegramo-nos, ao olharmos para trás, constatando que passos importantes foram dados nessa perspectiva, por nós e muita gente neste imenso país.
Sentimo-nos irmanados com tanta gente boa que tem dado a vida pela para
construir uma sociedade democrática, de fato, que procura contar com a
participação de todos/as, mas de forma qualificada, a partir da informação, da
consciência cidadã. Alguns avanços foram feitos. Somos parte dessa história.
Muito mais precisamos avançar, mas depende também de você que pode colaborar
com este instrumento de comunicação: dando um pouco do seu tempo como
voluntário; passando uma informação importante e de interesse comunitário;
divulgando uma iniciativa da sua comunidade; emprestando ou doando um CD bom
que adquiriu, fazendo alguma doação sem esperar nada em troca… Isso é construir
uma ferramenta de comunicação popular e afiá-la para os embates do dia a dia.
O
futuro começa hoje e depende de nós
De 2009, demos alguns passos significativos para tornar a sua e nossa Rádio
Comunitária mais O monopólio e a influência dos meios de comunicação são
obstáculos para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática a
participativa. ACORDI associação comunitária de radiodifusão de independência
– ACORDI teve seu nascimento em dezembro de 1996, com o objetivo de implantar a
Rádio Comunitária – FM Independência.
A partir de então, começamos também uma luta junto ao Congresso Nacional para criar a lei das Rádios Comunitárias e, em seguida, junto ao Ministério das Comunicações para que garantisse o seu funcionamento. Em 2005, obtivemos a autorização para o funcionamento. Com essa conquista estamos com um instrumento de comunicação a serviço da comunidade, de difusão das iniciativas populares, de dinamização da cultura dos povos do semiárido.
A
ACORDI vem trabalhando, ao longo desses 23 anos, a informação, a cultura, a
participação cidadã… . Além de tudo isso, estamos vendo a necessidade de melhorar
nossos equipamentos, adquirir outros equipamentos que
nos permita ir ao encontro das pessoas e comunidades, sobretudo da cidade, para
dinamizar mais o nosso trabalho…
Celebrar a rádio comunitária é uma alegria muito grande para a comunidade de
INDEPENDÊNCIA, que está de parabéns por ter uma emissora voltada á uma
comunicação democrática á serviço da vida da Comunidade.
A diretoria da ACORDI